Especial Neil Gaiman



Oh My God! Que responsabilidade tremenda ser a estreante da coluna mensal Autores, do Notinhas de Rodapé.



Nosso intuito aqui é escrever uma biografia majestosa sobre nossos autores favoritos, contando um pouco sobre suas vidas, suas carreiras como escritores ( ou não ) e listando suas obras. Mas nós não queremos qualquer coisa genérica, queremos fazer algo realmente bom e emocionante sobre nossos escritores mais amados. Queremos que eles conquistem vocês, assim como nos conquistaram.



E para começar, com toda glória, e pisando num tapetinho de veludo vermelho, vem aí o fodástico: NEIL GAIMAN.



É isso aí! Meu autor favorito, que passeia com maestria pelos romances, livros infantis e quadrinhos.



Você já deve ter ouvido falar sobre ele, e deve se perguntar por que esse cara é tão aclamado mundialmente? E por que estou babando por ele de forma tão dramática?



Bem, está na hora de descobrir!

 Neil Richard Gaiman, nasceu no interior da Inglaterra, em Portchester, em 10 de novembro de 1960. Hoje, vive em Minneapólis, nos Estados Unidos, e é casado há três anos com a vocalista da banda Dresden Dolls, Amanda Palmer.

Desde criança era apaixonado por livros, tanto que convenceu seu pai a deixá-lo na biblioteca da cidade enquanto ia trabalhar.  Seus autores favoritos eram C.S.Lewis, J.R.R.Tolkien, Edgar Allan Poe, só para citar os mais famosos.


Na juventude, tentou insistentemente ser publicado por alguma editora, mas foi rejeitado diversas vezes. Tornou-se jornalista e crítico literário com intuito de que isso o ajudasse a ingressar no mercado editorial mais tarde.

Ainda na faculdade conheceu seu amigo e parceiro de longa data Dave McKean ( que eu amo de paixão, também ). Juntos eles criaram a HQ Violent Cases em 1987, onde o narrador é o próprio Gaiman relembrando um episódio de sua infância em que o pai o levou a um osteopata ( uma espécie de fisioterapeuta ). O médico conta ao garoto histórias sobre seu antigo empregador, o mafioso Al Capone. As lembranças de Gaiman misturam realidade e fantasia, tornando este conto um estudo sobre a natureza da memória, e uma história sobre histórias.

Violent Cases ganhou o conceituado prêmio Eagle em 1988 como Melhor Graphic Novel, e ainda foi indicado ao prêmio Harvey, também muito famoso. No Brasil, a HQ foi publicada 20 anos depois pela HQM Editora.


Em 1989, a parceria Gaiman-McKean rendeu um novo fruto: Sinal e Ruído. A ousada e artística graphic novel publicada na revista The Face, conta a breve história de um cineasta prestes a morrer e que tem seu último trabalho recusado para filmagens. Mas, isso não o impede de filmar seu longa-metragem dentro de sua própria cabeça...
Porém, foi sucesso de Violent Cases abriu as portas para Neil e Dave, e eles foram convidados pela DC Comics para escrever e ilustrar, respectivamente, a minissérie Orquídea Negra. Recentemente as três edições desta história foram compiladas em uma edição de luxo aqui no Brasil pela Panini ( Vertigo ). Devo dizer que é simplesmente lindo. Não só a história que Neil escreveu, mas também a arte do Dave, que dá vida e cor a personagem Orquídea Negra. É um trabalho primoroso, que enche os olhos, intensamente trabalhado em verde e lilás.


Este sim, podemos dizer, foi o chute a gol na carreira do Neil. Orquídea Negra abriu as portas para o poderoso Sandman.


A DC Comics estava para lançar seu novo selo, Vertigo, de quadrinhos para adultos. E adivinhem quem a editora-fundadora, Karen Berger, chamou para estrear este selo? Nosso amado Neil Gaiman

A ideia central era criar uma nova roupagem para o personagem Sandman, um herói da década de 1940. Nosso Sandman original era Wesley Dodds, um milionário que usava uma máscara de gás para investigar e enfrentar vilões ( alguém aí também lembrou do meu também amado e idolatrado, Bruce Wayne? )

No novo Sandman, Gaiman resgatou o mito do “homem da areia” que fazia as pessoas dormirem. O Mestre dos Sonhos. E aqui Neil revolucionou a história dos quadrinhos, transformando-a de meras histórias para crianças a verdadeiras obras de arte densas e filosóficas para adultos, com personagens bem trabalhados, profundos e cheios de sentimento.

Sandman, publicado de 1988 a 1996 teve 75 edições e até hoje é uma das mais aclamadas graphic novels de todos os tempos. Vale ressaltar que todas as capas foram construídas pelo Dave McKean, e todas são magníficas. Para quem não sabe, a arte de McKean é, como posso dizer, visceral? Cheia de emoção? Tocante? Este verdadeiro mestre da arte, mescla em suas artes colagens, fotografia, objetos, animais ( em uma das capas de Sandman, há um peixinho dourado de verdade ) e fora seus recursos técnicos pra lá de malucos ( pense em um trabalho coberto de gasolina, risque um fósforo, jogue nele e você saberá o que é isso ). E não podemos esquecer que as HQ’s foram criadas por ilustradores de renome como David Grimberg e Jill Thompson.

Sandman ganhou diversos prêmios pelo mundo, incluindo o prestigiado World Fantasy Award, nunca antes concedido a uma história em quadrinhos. ( E por acaso, depois disso, uma regra foi alterada no prêmio, não permitindo que quadrinhos concorram. Dá-lhe Neil Gaiman! O único a receber este prêmio! )
 



Ahh, e quase ia me esquecendo... A personagem Morte, de Sandman ganhou dois especiais na década de 90. O primeiro, Morte – O preço da vida é de 1993 e conta a história de Sexton Furnival, um adolescente em crise existencial que está a ponto de se suicidar, até que a Morte ( aqui apresentada com o apelido de Didi ) o leva para passar um dia com ela.  E o segundo é Morte – O grande momento da vida, uma reflexão sobre a vida e sobre como aproveitar os bons momentos.

Agora saindo um pouco de Sandman...

Belas Maldições ( Good Omens ) foi seu primeiro livro, lançado em 1990 em parceria com Terry Pratchett, uma história hilária sobre o apocalipse. ( Que ainda não li =/ )

Em 1991 publicou os Livros da Magia, uma minissérie em quatro partes sobre um adolescente inglês que descobre que seu destino era se tornar o maior mago do mundo. ( Um predecessor do Harry Potter? )


A comédia trágica ou a tragédia cômica de Mr. Punch lançada originalmente em 1994 ( mas que só chegou ao Brasil em 2010 ) é uma HQ sobre as descobertas de um garoto ( seria o próprio Neil rememorando seu passado ), o fim da inocência e o início da vida adulta, usando como pano de fundo o tradicional teatro de fantoches inglês Punch e Judy ( onde você verá que Mr. Punch mata seu filho, um bebê, espanca até a morte sua esposa Judy, além de outros personagens. A história ou a lição aqui, mostra o triunfo do mal sobre o bem ). E devo dizer, Dave McKean conseguiu os mais horripilantes bonecos Punch e Judy para fotografar para esta HQ. Eles são simplesmente assustadores! Mas o trabalho de arte é realmente belo.

 

Lugar Nenhum ( Neverwhere ) de 1996, originalmente foi escrita como um roteiro para uma série de TV de seis episódios para BBC Londres. Só depois se tornou um romance. Aqui Neil conta a história de Richard Mayhew, um cara normal, com uma vida normal, vivendo em Londres e que de repende “deixa de existir”, após ajudar uma garota ferida. E é seguindo essa garota que ele descobre a Londres-de-baixo, uma cidade feita nos túneis de esgoto e estações de metrô abandonadas, onde residem monstros, assassinos e todo tipo de coisa estranha.




O dia em que troquei meu pai por dois peixinhos vermelhos é mais uma história ilustrada pelo Dave McKean, e seria infantil, mas não culpo nenhum adulto por gostar dela... As ilustrações do Dave são tão geniais! Este foi lançando em 1997.

Em 1999, veio Stardust, um conto de fadas lindamente escrito pelo Neil e que até virou filme. Por aqui, conhecido como Stardust - O mistério da estrela, tem até o Ben Barnes ( de O retrato de Dorian Gray ) no elenco, e é um filme super lindo!

Deuses Americanos foi publicado em 2001 e é um dos romances mais aclamados do Neil Gaiman, vencedor dos prêmios Hugo e Nebula em 2002. Ambiciosa, a história reúne os antigos deuses em uma batalha épica contra os novos deuses do mundo moderno: internet, televisão, telefone, cartão de crédito... Uma verdadeira análise sobre o espírito consumista dos americanos, mas não só deles, nosso também. ;)
Há boatos de que Deuses Americanos irá se tornar uma série de TV pela HBO, mas com tantas idas e vindas não sei ao certo se foi confirmado ou não.

2002 foi o ano de Coraline. Quem não conhece essa poderosa gatinha que enfrenta terríveis cópias de seus pais e vizinhos no mundo existente do outro lado de uma porta? Coraline é um livro que deveria ser infantil, mas chega a ser assustador demais para crianças. =P Este também é ilustrado pelo McKean e virou um longa-metragem em stopmotion.

Em 2003, Neil se aventurou novamente pelo mundo infantil em Os lobos dentro das paredes. ( o Dave também está aqui =P )

Os filhos de Anansi seria mais um menos uma continuação de Deuses Americanos. Este segundo livro conta a história dos filhos de um dos deuses do primeiro livro.

Em 2006, a antologia Coisas Frágeis ( que aqui no Brasil fora dividido em duas versões ) reuniu diversos contos de Gaiman, muitos destes, premiados. Nesta compilação é possível perceber como Neil é versátil, como ele se dá bem tanto escrevendo romances, quando histórias curtas e poemas. E como ele consegue moldar mundos, tanto seus, quando de outros ( Sherlock Holmes, Nárnia e Matrix ).



O Livro do Cemitério ( The Graveyard Book ), de 2008, é mais um romance lindo e cheio de lições. Ganhador da medalha John Newberry, uma prestigiada premiação da literatura infanto-juvenil norte-americana, o livro tornou-se um dos mais vendidos segundo o The New York Times. O Livro do Cemitério conta a história de um pequeno bebê fujão que escapa do assassinato de sua família e que vai parar no cemitério da cidade. Ninguém Owens como é chamado, é criado pelas almas dos mortos que vivem ali. Passeando entre lápides e covas, você percorre a história e as descobertas de Ninguém, desde sua tenra idade até a adolescência.
A Disney comprou os direitos do Livro do Cemitério, o que quer dizer que em breve teremos filme! Eba!

De volta ao mundo infantil, em 2009 temos Cabelo Doido, ilustrado com aquelas colagens belas e malucas de nosso companheiro fiel, Dave McKean.

Finalmente, 2013 foi um ano de glórias para Neil Gaiman.

Seu último romance, O oceano no fim do caminho, é aquele tipo de livro adulto, disfarçado de infantil. Um homem sentado em um velho banco de uma velha fazenda relembra uma misteriosa história de décadas atrás, sobre sua infância. Foi naquela época que ele conheceu Lettie Hempstock, a coisa-demônio chamada Úrsula e as mulheres que moravam no fim do caminho... onde havia um oceano.

O oceano no fim do caminho foi eleito o melhor livro na categoria Fantasy, pelo site Goodreads, está entre os 10 melhores livros de ficção da revista Time e ainda foi eleito o livro do ano no Reino Unido pelo UK National Book Awards.

Vale ressaltar que os direitos de O oceano no fim do caminho já foram comprados ( antes mesmo da publicação ) para o cinema.

Ainda neste mesmo ano, lançou Fortunately, the Milk, livro infantil, ainda sem previsão de lançamento para o Brasil.


E pensa que é só isso? Não é não.
2013 marca também o retorno de Neil Gaiman à história do Mestre dos Sonhar, em Sandman Overture, narrando os fatos acontecidos antes da primeira edição desta HQ. Quem já leu Sandman se lembra? Quando Morpheus foi capturado há muitos anos ele fazia uma importante viagem... Mas para onde e por quê?

Ufa! Só até aqui já deram quase 5 páginas no meu Word. Mas não é só isso, tem muito mais coisas para falar!

Neil Gaiman trabalhou no cinema também. Ele assina o roteiro, em parceria com seu querido amigo Dave McKean, do longa MirrorMask. Um filme realmente lindo, meio conto de fadas, meio surreal, em que é possível mergulhar na arte de McKean, como se você estivesse dentro de uma de suas capas de Sandman ou de uma de suas ilustrações fodásticas.

Também criou junto com Roger Avary o roteiro de A lenda de Beowulf, animação adaptada do poema épico anglo-saxônico Beowulf.

Nos anos 2000, Gaiman adaptou o anime Princesa Mononoke ao inglês e levou Sandman para o oriente em Os caçadores de sonhos.

Para a Marvel, trabalhou em duas séries que não são muito famosas: 1602 e Eternos.

Criou outros contos infantis que não citei ainda, como: Odd e os gigantes de gelo, O alfabeto perigoso e O dia de Chu.

Escreveu um e outro episódio de Doctor Who, a famosa série da TV da BBC.

Por fim, no final de 2013 a Panini lançou no Brasil a edição de luxo de Dias da meia-noite, uma coletânea de seis pequenas histórias do Neil, ilustradas por alguns dos mais famosos artistas da HQ, como Dave McKean ( de novo ), Mike Mignola, Steve Bissette, John Totleben, Sergio Aragonés, dentro outros. E que está sendo resenhada por esta linda pessoa que vos fala, hoje, no blog.

Caramba, essa foi uma pesquisa e tanto!

Claro que eu posso ter esquecido uma ou outra coisa para falar sobre o Neil, já que o repertório dele é realmente gigantesco! Mas tentei fazer uma biografia o mais completa possível. Espero que tenham gostado, queridos e lindos leitores! E que agora vocês também amem tanto quanto eu esse escritor foderoso, com essa carreira maravilhosa de tantos anos ( e que continue assim por mais muitos anos!) ;)

E que venham os próximos livros e graphic novels! \o/



2 comentários:

  1. Parabéns, eu tbm sou mto fã do Gaiman, mesmo lendo poucas obras deles, sou apaixonada por Sandman e quero mto ler Deuses Americanos

    Bjs

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    1. Obrigada Beatriz!
      Pessoalmente, o Neil Gaiman é meu escritor favorito! Ele possui uma forma tão fluida de criar mundos que os fazem parecer reais de verdade. Também não tive a oportunidade de ler Deuses Americanos ainda, mas logo logo lerei!
      bjin ;)

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