Resenha: Borborema, de Letícia Godoy, por Michelle Pereira

Ficha Técnica:
Título: Borborema
Autor: Letícia Godoy
Editora: Arwen
Ano de Lançamento: 2016
Gênero: Romance
Páginas: 433
Preço Médio: -
E-book cedido pela autora.



Hey pessoal! Como vocês estão?

Chega mais, puxa uma cadeira, que hoje tem resenha de autor nacional. E o livro é dos bons! Estou falando de Borborema, da Letícia Godoy, nossa parceira!

Nesse livro, conhecemos a doutora (advogada) Annabel Magalhães, uma mulher marcada por um passado difícil e viciada em trabalhar. Bel está satisfeita com o que construiu depois que foi morar na capital: trabalha em um bom escritório, tem um chefe que é seu amigo (mas que consegue ser bem desagradável quando quer) e não se apega a ninguém. Ela não precisa de ninguém.

"A pior prisão é ter o coração fechado."

Porém toda a sua fachada de mulher durona e autosuficiente sofrerá um grande abalo quando ela é chamada a voltar para sua cidade natal, pois seu pai está morrendo.

A família havia abandonado-a a própria sorte muito tempo atrás e era injusto que logo agora a procurassem. Mas, é isso mesmo que fazem, sem nenhum pudor. E Annabel, ainda que relutante, vai ao encontro dos seus.

Na fazenda Borborema, onde havia nascido e crescido, uma beleza fantástica, que Bel nunca havia esquecido, a aguardava. Correr por aqueles campos, sentir aquele cheiro de ar puro, contemplar aquelas paisagens... Tantas coisas ela deixou. Porém, ao chegar ali com seu tailleur elegante e seus sapatos de salto, Bel sabe que já não pertence mais àquele lugar.

Por anos, achou que todos a odiassem, mas não era bem assim. Havia um certo gosto de ressentimento no ar, principalmente vindo de sua irmã, Diana, no entanto, não havia ódio. Não verdadeiro. 

" - Não precisa se fingir de forte, senhora, sua tristeza é percebível. Uma coisa muito triste esta que está acontecendo com vosso pai, lamento muito."

Foi bom para ela encontrar os irmãos, que haviam crescido e amadurecido tanto quanto ela, e a mãe. No começo tudo pareceu estranho, rígido e sem sabor, mas com o tempo, as coisas se desembolaram. A duras penas, mas acabaram por melhorar.

E ver o pai, um homem forte e independente, deitado e enfraquecido sobre a cama... não foi fácil. Muito menos, saber que ele havia arruinado Borborema com dívidas milionárias. Como ele podia ter acabado com a fazenda, seu bem mais precioso?

É justamente aí, desenterrando as dívidas da Borborema e os motivos pelos quais o pai havia pedido tantos empréstimos ao seu maior antagonista em Siqueira Campos, que Bel encontrará coisas muito obscuras, que poderão colocar sua vida em risco. 

"Borborema era uma parte de sua alma e no fundo eu era exatamente igual a ele: lutava por aquilo em que acreditava."

Como falar de um livro tão incrível assim? Como?

Borborema foi uma grande surpresa para mim, descobrindo a escrita da Lê além da fantasia. E cá entre nós, é maravilhosa! Ela criou uma trama muito bem amarrada e que nos faz querer passar página atrás de página até acabar. Eu me via, de repente, precisando parar de ler e não conseguindo. 

Bel é uma mulher quase que amarga, que sofreu tanto por ter de ir embora de casa depois de enxotada pelo pai... Logo o homem que ela mais admirava. Mas, o melhor nela, é que é uma personagem autêntica, muito real, que você verá amadurecendo ao decorrer da história, algo de que gosto muito nos livros. Gosto de personagens que evoluem, que deixam de ser os mesmos com as marcas da vida.

"O amor havia me mudado para melhor e era, sem sombras de dúvida, uma motivo para seguir em frente."

É também interessante ver a Bel se apaixonar de novo. Por um peão, de novo. E viver essa paixão arrebatadora, por que ela quer e precisa disso, mesmo que seu par, Lisandro, seja tão cabeça-dura e grosso como ela. 

Por fim, preciso comentar sobre os mistérios sobre os quais Annabel irá se enveredar: crimes, assassinatos e mentiras, tudo muito bem escrito e bem planejado pela Letícia. E com as reviravoltas necessárias para deixar tudo ainda mais interessante. 

Quer mais? Só lendo! Porque estou me coçando para não soltar vários spoilers aqui hahaha

A capa é essa coisa maravilhosa, produzida pelo Marcus Pallas, do qual sou fã. E acho que fala muito da Bel, de chegada e recomeço. A diagramação também está uma belezura, adorei. Sobre a revisão, passaram coisinhas mínimas, que em nada atrapalham a fluidez do texto. 

Hugs!